Quando o assunto foi entrevista uma dúvida desceu sobre o grupo, afinal, quem entrevistar? Teríamos que pensar bem sobre o assunto, pois seria injustiça entrevistar uma tribo e deixar outra de lado. Então veio a idéia, quem melhor que uma psicóloga de colégio para falar sobre jovens?
Há anos trabalhando com crianças e adolescentes, Cristina Miranda, psicóloga do ensino fundamental do Colégio Atual Piedade, tem experiência com atitudes, estilos e brigas por causa de gostos. Veja a entrevista!
Cristina Miranda: Sim, claro. A sociedade muda, mas as tribos não. Sempre será necessário algo que caracterize os jovens. Antes nem eram chamadas de tribos, mas sim de grupos. Eram grupos de amigos que tinham um mesmo gosto e se uniram cada vez mais formando o que conhecemos, e se mantém, hoje. / Uma das tribos que sumiu foi a do movimento estudantil. Era uma tribo muito importante pois tinha como ideal lutar por direitos. Mas infelizmente ela foi sumindo, porque a sociedade foi mudando e as pessoas se tornaram cada vez mais ocupadas, porém ela está voltando, o que é muito bom./ Todas se destacaram de alguma forma.
CM: Mesmo que um jovem não seja de uma tribo propriamente dita, querendo ou não ele tem uma escolha. Essa escolha determina o estilo de roupa que ele veste, e suas preferências. O que caracteriza um jovem é o fato de ele se diferir dos adultos, de não ser como um. Isso em si já é identidade.
CM: Primeiramente ele precisa de ajuda. O que se reflete num jovem desse tipo é o egoísmo. Ele desconta a raiva dele em força ou segue a rotina do mundo violento, pois tudo hoje apela para a violência. O que acontece é que se criou uma tribo dentro de todas as tribos, que é a da “não aceitação dos outros”. Isso é muito perigoso. Sem falar que parece que é moda ser mala, agredir virou uma coisa normal, enfim. É todo um processo que começa com agressões verbais.
CM: Isso vem de um longo processo de falta de maturidade. No começo, todos eram iguais, mas com o passar do tempo foi surgindo a idéia do “quero ser melhor” e então começou a se maltratar o próximo. A falta do apoio familiar influência muito nisso. É simples, uma pessoa que não tem boa informação e educação em casa vai buscá-la nos amigos. E assim se seguem as idéias erradas.
CM: A família é a base de tudo. Se todas as famílias pararem pra conversar com seus adolescentes sobre a importância do respeito ao próximo, tudo seria muito mais fácil.